Uma Vila Submersa

Uma cidade submersa à 92 metros de um lago no coração da Alta Garfagnana está para voltar por um pequeno periodo de tempo, de volta à superficie, esta é a vila medieval de Fabbriche di Careggine, na província de Lucca.

Fabbriche di Careggine foi fundada por ferreiros bresciais no século XIII. Conquistada pelos Estensi, a cidade alcançou sua maior importância no século XVIII, quando foi construída a Via Vandelli que ligava Modena à Massa. Os trabalhadores, que se tornaram especialistas após séculos de atividade, encontraram apoio no Duque de Modena Francesco III d’Este que, em 1755, para aumentar sua atividade metalúrgica, concedeu isenções fiscais e inúmeros outros privilégios. Após uma fase de declínio, no início do século XX a economia do país se recuperou imediatamente, após a exploração do mármore nas proximidades. Depois veio a represa e a criação da bacia do lago

Entre 1947 e 1953, a pequena vila, que na época possuia um povoado composto por 146 habitantes em 31 casas, foi evacuada e submersa pelas águas do corrego Edron fazendo com que surgisse o artificial Lago Vagli. A barragem, propriedade da Enel,é um recurso muito importante para a produção de energia elétrica, além de ser uma reserva de água fundamental para o vale do Serchio e arredores.

Havia um acordo com o construtor da barragem onde a cada 10 anos o lago seria esvaziado para que os ex habitantes da vila pudessem rever o local onde nasceram e . O acordo foi cumprido nos anos de 1958, 1974, 1983 e 1994, mas desde então nunca mais voltaram a esvaziar o lago. Não é dificil de entender do porque não esvaziaram depois de 94, a secagem bem custosa: além das operações de esvaziamento, 5 ou 6 meses sem um lago para a Enel significaria uma perda de alguns milhões de euros. Mas para a região a emersão da vila de tempos em tempos é benefica para as cidades do entorno, pois milhões de pessoas vão para conhecer a cidade fantasma e acaba contribuindo muito com o turismo local.

Depois de algum tempo brigando com o prefeito de Vagli di Sotto, Mario Puglia, que cobrava o acordo de esvaziar de tempos em tempos o lago a Enel comunicou que está organizando o procedimento: “Um ‘Memorando de Entendimento’ com o Município de Vagli di Sotto e Romei está sendo formalizado para apoiar o “Projeto Essere 2020 – Vagli” explica a Enel. O memorando – continua a nota – tem como objetivo promover e apoiar o turismo responsável, por meio da conscientização e crescimento cultural da comunidade no campo da energia limpa e renovável: entre as propostas consideradas sob a iniciativa estão a abertura de locais utilizados para museus digitais indoor, a criação de instituições museárias no território e na história local, a reconstrução do ambiente natural, incluindo a limpeza do reservatório vagli por meio de uma série de atividades que, através do possível esvaziamento da bacia, preveem a realização de atividades de manutenção em obras hidráulicas, intervenções ambientais com obras de engenharia naturalista e projetos de melhoria turística”.

Portanto, em breve, do fundo do reservatório artificial poderia ressurgir, novamente, a
vila de pedra e a igreja de San Teodoro com sua torre de sino quadrado. E com eles uma história que tem suas raízes ao longo dos séculos. E isso se tornou importante com a conquista da vila pelos Estensi e com a construção da Via Vandelli, que ligava Modena à Massa.

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